O que nos espera
Interação – isso resume boa parte das alterações que já estão ocorrendo. O conceito – que passou a ser chamado de web 2.0 (mas é destruído aqui) une expressões como interatividade/participação/colaboração. Vale ressaltar que o telespectador/leitor/internauta não está mais satisfeito somente em receber. Ele quer doar, participar, sugerir, dizer. As principais discussões em torno do padrão de TV Digital no Brasil – além do lobby – recaíam exatamente sobre a questão da interatividade e não ficou muito bem resolvido. O usuário comum produtor de conteúdo nos mais variados meios – áudio, vídeo, web – e interesses específicos, o que proporciona a formação de grupos. A qualidade pode ser discutível, mas não há como frear esse processo. Exemplos: aqui. Uma estratégia, inclusive, mais barata.
Trabalho gratuito – o conceito de comunidade trouxe e ainda vai apresentar uma série de possibilidades. Fazer os outros trabalharem e pensarem para você de graça – a exemplo do que fazem os desenvolvedores em Linux – vai se tornar realidade. Quem vai pagar a conta de tudo isso, entretanto, ainda é uma grande incógnita. Exemplos aqui e aqui.
Mobilidade – o usuário, além de ter acesso, poderá produzir e distribuir conteúdo de qualquer lugar a qualquer hora pelos mais variados dispositivos. Especialmente se o Wimax – internet banda larga sem fio - realmente for pra frente no Brasil nos próximos anos.
Senso de organização e utilização da informação – até pouco tempo, o detentor e distribuidor da informação era o rei dos negócios. Hoje, a distribuição está rachada, a colaboração e compartilhamento estão em voga e o turbilhão de dados e informações mais atrapalha do que ajuda. Vai se dar bem quem conseguir filtrar e aproveitar as melhores informações no momento certo.
Foco – por mais humilde e desinformado que seja, todos têm algo a dizer e ensinar. A popularização do acesso à internet – ainda que gradativa e lenta – deve aumentar e as classes menos favorecidas estarão navegando. Portanto, o perfil do internauta vai sofrer alterações. Quem está acostumado a produzir conteúdo para as classes A/B, já conectadas e interativas, precisará repensar o foco.
Vídeo – o Youtube acabou com a tese dos barões da comunicação de que “assistir televisão pelo computador nunca pegaria”. Sorte de Steve Chen e Chad Hurley. E isso está longe de ser um mercado desprezível. A venda mundial de conteúdos de vídeo totalizou 298 milhões de dólares no ano passado. Isso muda também a percepção em relação aos usuários e compradores de conteúdo. Certamente crescerá e muito ainda a comunicação em formato de vídeo. Resta saber se no Brasil a banda vai crescer proporcionalmente (sinceramente, acho difícil).
Jogos – os games estão confundindo as cabecinhas dos adolescentes, especialmente quando falamos de Second Life, Entropia, entre tantos outros que poderia citar. As empresas, porém, estão de olho nesse movimento e começam a patrocinar e aparecer nesse meio. Talvez o conteúdo ganhe espaço dentro desse canal também. O El Pais já deu um passo e criou um correspondente virtual. A Reuters também já está presente no Second Life. Já se tornaram um bom canal de informação e comunicação.
Multimídia – por todas essas tendências, o profissional do futuro, queiram os mais céticos ou não, terá de ser multimídia e saber administrar e trabalhar melhor todas essas ferramentas. Jornalistas, então, preparem-se. Para os focos que estão saindo da universidade, mais atenção nas aulas de TV e rádio. Afinal, você vai produzir conteúdo para jornais, revistas, web, áudio e vídeo. Ah... ia me esquecendo: com o salário de quem cria para uma única mídia.
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