Suguei o conteúdo
Esse artigo está disponível no site do Comunique-se. Achei interessante.
O release ficou anacrônico
Fernando Cibelli de Castro (*)
Exerço o jornalismo há 15 anos e passei por diversas funções de redação, incluindo pauta e coordenação de produção e reportagem, em veículos de comunicação do sul e centro do país. Para mim, os releases, quando revelavam fato noticioso, serviam de subsídio. Nunca transformava um release em matéria, ou copiava, mas se o tema era interessante, principalmente em TV, quando poderia gerar uma imagem de impacto, a gente aproveitava a informação inicial e enriquecia com adendos, contrapontos até chegar ao material jornalístico correto. O que acontece agora é que de fato as faculdades de jornalismo estão colocando centenas de profissionais no mercado do país a cada ano. Não há mais espaço nas redações para absorver essa mão-de-obra, para que os coleguinhas da nova geração possam saber se têm mais aptidão para a rotina diária do jornalismo de informação geral ou para a atividade de divulgadores de empresas públicas e privadas, ongs etc.
Os recém-formados começam em assessorias, o que é terrível porque muitas vezes são obrigados a aprenderem sozinhos, sem a presença dos mais experientes, criando vícios e erros os quais jamais serão corrigidos. Eu vivo uma contradição que é o fato de continuar repórter porque o foco da minha agência de comunicação é a produção de notícias e ao mesmo tempo aceitar ações de assessoria, embora as revistas para as quais escrevo sejam de áreas diferentes dos assessorados, não existindo conflito de interesses.
Particularmente, não gosto das assessorias de imprensa clássicas. Só aceito prestar esse serviço embutido em projetos amplos de comunicação que englobem produção de veículos impressos ou eletrônicos, ações estratégicas de comunicação com objetivos de curto, médio e longo prazo. Infelizmente, a assessoria de imprensa ainda é encarada por clientes e prospects como uma maneira mais barata de divulgar produtos que deveriam ser objetos da publicidade. Pior ainda é que boa parte dos jornalistas que operam nesta área aceita esse jogo e acaba estimulando a situação. Esse é um motivo que ajudou a vulgarizar o release.
Eu particularmente não trabalho mais com esse tipo de instrumento. Quando entendo que existe algum fato relacionado com o cliente capaz de gerar notícia, prefiro ligar para pauteiros, editores ou colunistas, propondo uma nota, uma notícia, ou se for o caso, uma reportagem mais trabalhada. É preferível uma nota de coluna bem escrita num veículo adequado ao assunto do que uma montanha de textos iguais, veiculados sem critério e lidos muitas vezes por públicos inadequados. É a questão de priorizar a qualidade em detrimento da quantidade. O release em si ficou anacrônico.
(*) Jornalista
---------------------------------------------------------------------------------------------------
Esse artigo está disponível no site do Comunique-se. Achei interessante.
O release ficou anacrônico
Fernando Cibelli de Castro (*)
Exerço o jornalismo há 15 anos e passei por diversas funções de redação, incluindo pauta e coordenação de produção e reportagem, em veículos de comunicação do sul e centro do país. Para mim, os releases, quando revelavam fato noticioso, serviam de subsídio. Nunca transformava um release em matéria, ou copiava, mas se o tema era interessante, principalmente em TV, quando poderia gerar uma imagem de impacto, a gente aproveitava a informação inicial e enriquecia com adendos, contrapontos até chegar ao material jornalístico correto. O que acontece agora é que de fato as faculdades de jornalismo estão colocando centenas de profissionais no mercado do país a cada ano. Não há mais espaço nas redações para absorver essa mão-de-obra, para que os coleguinhas da nova geração possam saber se têm mais aptidão para a rotina diária do jornalismo de informação geral ou para a atividade de divulgadores de empresas públicas e privadas, ongs etc.
Os recém-formados começam em assessorias, o que é terrível porque muitas vezes são obrigados a aprenderem sozinhos, sem a presença dos mais experientes, criando vícios e erros os quais jamais serão corrigidos. Eu vivo uma contradição que é o fato de continuar repórter porque o foco da minha agência de comunicação é a produção de notícias e ao mesmo tempo aceitar ações de assessoria, embora as revistas para as quais escrevo sejam de áreas diferentes dos assessorados, não existindo conflito de interesses.
Particularmente, não gosto das assessorias de imprensa clássicas. Só aceito prestar esse serviço embutido em projetos amplos de comunicação que englobem produção de veículos impressos ou eletrônicos, ações estratégicas de comunicação com objetivos de curto, médio e longo prazo. Infelizmente, a assessoria de imprensa ainda é encarada por clientes e prospects como uma maneira mais barata de divulgar produtos que deveriam ser objetos da publicidade. Pior ainda é que boa parte dos jornalistas que operam nesta área aceita esse jogo e acaba estimulando a situação. Esse é um motivo que ajudou a vulgarizar o release.
Eu particularmente não trabalho mais com esse tipo de instrumento. Quando entendo que existe algum fato relacionado com o cliente capaz de gerar notícia, prefiro ligar para pauteiros, editores ou colunistas, propondo uma nota, uma notícia, ou se for o caso, uma reportagem mais trabalhada. É preferível uma nota de coluna bem escrita num veículo adequado ao assunto do que uma montanha de textos iguais, veiculados sem critério e lidos muitas vezes por públicos inadequados. É a questão de priorizar a qualidade em detrimento da quantidade. O release em si ficou anacrônico.
(*) Jornalista
---------------------------------------------------------------------------------------------------
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home