Off
Sempre que chega domingo ouço, em alguns momentos ao longo do dia, a voz do Cid Moreira na abertura do Fantástico para saber que amanhã é dia de labuta. Esse post, entretanto, não tem relação alguma com assessorias, redações, televisão. Na verdade, queria colocar aqui uma questão. Creio que boa parte do povo que acessa esse blog acompanhou o documentário do MV Bill e Celso Athayde no programa dominical, semana passada. Realmente, por instantes, senti um frio na espinha e uma cólica que poderia lembrar uma menstrual talvez. Muitos se dizem chocados e as discussões sobre a violência no Rio voltaram à tona.
Ontem, inclusive, estava vendo o programa do Sergio Groisman com a participação de uma policial famosa em terras cariocas e fluminenses. Ela colocou na mesa pontos interessantes como a omissão e hipocrisia que impera no RJ.
O que me deixa mais indignado é que, até o presente momento, uma semana depois da exibição do programa e com todas as "mesas redondas" feitas sobre o tema, ninguém tenha sequer tocado na questão do consumo. Falam que o importante é descobrir o momento em que a criança deixa de ser criança e se torna bandida. Da ausência do conceito de família na grande maioria das favelas, da apologia ao crime, do ambiente, mas ninguém toca no assunto "consumo".
Sim, é a lei de oferta e demanda. Isso me parece tão óbvio. O tráfico é o que é por conta do consumo. Afinal, o que seriam dos traficantes e suas fortunas sem a venda de drogas? De onde tirariam dinheiro? Quem continua bancando o crime é exatamente aquele que mais mais se queixa dele. As classes média e alta ficam enclausuradas em seus condomínios de luxo ou nas varandas de seus apartamentos de frente para a Lagoa, Copacabana e Ipanema vivendo um mundo à parte e destruindo o nariz e o cérebro com maconha e cocaína - ainda tem o ecstasy.
Você pode dizer que isso é papo de "esquerdinha", de comuna bancado pelos pais. Mas, a violência está sob os holofotes novamente porque anda afetando diretamente essas classes (média e alta). Pode ter certeza que se a violência chegasse e fizesse parte somente do cotidiado dos pobres a imprensa e a opinião pública não moveriam uma palha.
Lembro de um amigo que vive no RJ desde os três anos. É praticamente um carioca. De um belo apartamento na Gávea, reclamava da vista em sua sacada que dava para as costas da Rocinha. Resmungava que estava cansado do Rio, de sua violência, dos assaltos, do medo de andar sempre à espreita, de sua vontade de voltar para São Paulo. Porém, fumava lá seu baseadinho todos os dias. Isto é, continuava a sustentar todo o cenário podre que traçava.
Ninguém vai dizer nada sobre o consumo? Depois reclamam que a mídia anda uma merda. Será que é porque boa parte dos profissionais da imprensa - e não só a do Rio de Janeiro - manteve o hábito de faculdade? Quem estudou publicidade ou jornalismo deve lembrar bem que boa parte da classe fumava, ao menos, um baseadinho por dia ou por semana, não? Sem contar o povo que entupia o nariz de cocaína.
Enfim, fica aqui o meu protesto!!! Se alguém discordar é só deixar um comentário.
Ontem, inclusive, estava vendo o programa do Sergio Groisman com a participação de uma policial famosa em terras cariocas e fluminenses. Ela colocou na mesa pontos interessantes como a omissão e hipocrisia que impera no RJ.
O que me deixa mais indignado é que, até o presente momento, uma semana depois da exibição do programa e com todas as "mesas redondas" feitas sobre o tema, ninguém tenha sequer tocado na questão do consumo. Falam que o importante é descobrir o momento em que a criança deixa de ser criança e se torna bandida. Da ausência do conceito de família na grande maioria das favelas, da apologia ao crime, do ambiente, mas ninguém toca no assunto "consumo".
Sim, é a lei de oferta e demanda. Isso me parece tão óbvio. O tráfico é o que é por conta do consumo. Afinal, o que seriam dos traficantes e suas fortunas sem a venda de drogas? De onde tirariam dinheiro? Quem continua bancando o crime é exatamente aquele que mais mais se queixa dele. As classes média e alta ficam enclausuradas em seus condomínios de luxo ou nas varandas de seus apartamentos de frente para a Lagoa, Copacabana e Ipanema vivendo um mundo à parte e destruindo o nariz e o cérebro com maconha e cocaína - ainda tem o ecstasy.
Você pode dizer que isso é papo de "esquerdinha", de comuna bancado pelos pais. Mas, a violência está sob os holofotes novamente porque anda afetando diretamente essas classes (média e alta). Pode ter certeza que se a violência chegasse e fizesse parte somente do cotidiado dos pobres a imprensa e a opinião pública não moveriam uma palha.
Lembro de um amigo que vive no RJ desde os três anos. É praticamente um carioca. De um belo apartamento na Gávea, reclamava da vista em sua sacada que dava para as costas da Rocinha. Resmungava que estava cansado do Rio, de sua violência, dos assaltos, do medo de andar sempre à espreita, de sua vontade de voltar para São Paulo. Porém, fumava lá seu baseadinho todos os dias. Isto é, continuava a sustentar todo o cenário podre que traçava.
Ninguém vai dizer nada sobre o consumo? Depois reclamam que a mídia anda uma merda. Será que é porque boa parte dos profissionais da imprensa - e não só a do Rio de Janeiro - manteve o hábito de faculdade? Quem estudou publicidade ou jornalismo deve lembrar bem que boa parte da classe fumava, ao menos, um baseadinho por dia ou por semana, não? Sem contar o povo que entupia o nariz de cocaína.
Enfim, fica aqui o meu protesto!!! Se alguém discordar é só deixar um comentário.
Marcadores: colaboração
9 Comments:
Oi, Edu! Entrei no seu blog interessada na vaga em assessoria divulgada abaixo, mas não pude deixar de ler a sua pérola (como você mesmo diz) mais recente. Acho que ninguém pode discordar da constatação colocada: a lei da oferta e da procura rege o mercado de drogas e enquanto houver consumidores, haverá tráfico e por consequência, violência proveniente desse comércio. No entanto, não podemos colocar a culpa só nas classes médias e altas por conta da situação vigente e urgente que se encontra o Rio (e outras cidades violentas). Aliás, esse é o primeiro argumento-defesa que o clã Garotinho dispara quando disserta sobre o tema. A corrupção policial e de grande parte do aparato do Estado, que contribui, ou melhor, permite a manutenção do poder do tráfico cobrando propina dos traficantes para "não atrapalharem" as atividades ilícitas é sim, determinante para que o caos esteja instalado. Temos que cobrar dos dois lados: que se desistimule o consumo de drogas e que se implemente políticas públicas capazes de impedir que nossas crianças sejam levadas ao tráfico e desse, rapidamente à morte.
Legal, mano véio, seu desabafo! Muito válido! Só me causa revolta saber que esse documentário já estava pronto há 3 anos e, por conta das eleições presidenciais, foi rejeitado pela Globo. Sim, o MV Bill tentou 'passá-lo' na Globo há 3 anos e, por questões políticas, foi vetado. Sabia disso? Outra coisa: sabendo dos conchavos da Globo com o Governo (inclusive na permuta que estão alinhavando para a escolha do padrão japonês de TV digital) não te causa estranheza a exibição desse documentário (que, entre outras coisas, traz à tona a realidade dos morros cariocas) um dia depois da indicação do Garotinho como candidato a presidência pelo PMDB? Ou acha tudo isso mera coincidência??? É... a realidade da política brasileira é mais podre que a dos morros cariocas!
Abçeira!
Não te causa estranheza
Aiu, aiu...como vc pode querer disperdiçar seu talento nato de escrever, virando investigador? (Risos). Sei que, talvez, você prestaria um papel inestimável à sociedade, trocando o computador pela justiça. Mas que seria lastimável, seria.
Te dou a maior força pra trocar, desde que se comprometa a escrever um livro sobre suas experiências. Quem sabe assim, você não deixaria de ser mais uma voz solitária, em meio a tanta injustiça?
Te amo muito, muito.
Cara Carolina, tudo bem?
Agradeço o comentário e concordo em boa parte com ele. A polícia é sim corrupta e ninguém precisa investigar para saber disso. Porém, como a própria Marina Maggessi, da Delegacia de Repressão Entorpecentes do RJ, como combater essa corrupção quando um policial militar por lá ganha 800 reais por mês, mora na favela e cresceu jogando bola os bandidos que precisa combater? Que sua esposa precisa lavar a farda e secá-la atrás da geladeira para não saberem que o residente é policial. Que ele sai com a funcional embaixo da sola do pé, dentro do sapato? Sei que a corrupção vai continuar mesmo com o aumento do salário mas o raciocínio mais lógico seria: sem consumo, nada de vendas de drogas. Com que dinheiro vão subornar a polícia e políticos???? Ainda citando a Marina, a polícia está prendendo e matando bandidos há vinte anos e o que isso resolveu?
Grande Daniel... como sempre, colocação inteligente.
Todos sabemos os interesses que estão por trás dessa exibição. A Globo sempre tem um interesse, não faz nada "por acaso" ou por conta de seu papel de responsabilidade social e pública. Mas o foco é outro. O que me irritou foi justamente o fato de ninguém tocar nesse assunto (consumo). Foi preciso um secretário de administração penitenciária - ontem no Faustão - falar sobre o tema. E ainda com uma passagem breve (só para variar ele foi cortado pelo apresentador).
Valeu pelo comentário.
Abração
Oi Basil... tudo bem?
Obrigado pelo comentário. Você sabe mais do que ninguém que sou um repórter policial frustrado... enfim, quem sabe um dia eu consiga emplacar alguma coisa do gênero.
LEmbro em uma aula de Antropologia na faculdade Cásper Líbero, assistimos um documentário do qual não lembro o nome.
Admito que o seu texto foi um pouco chute no saco de muita gente que não pára pra pensar nesta questão.
Quem fuma, cheira, financia, essa é a verdade que dói
ah esqueci do documentários, rs. Não não é maconha, é o efeito segunda-feira de manhã.
Cheguei a conclusão de que o tráfico no Rio nada tem a ver com o Estado ou com os usuários.
É POLICIA x TRAFICANTE. Estado e população caminham pela margem, dando seus pitacos e puxando um fuminho de vez em quando.
Não me esqueço do repórter...
-E você menino, quando sair do reformatório, qual o seu sonho?
-Meu sonho é matar dez policia antes de morrer
...
CLap clap clap!
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