O press-release morreu?
Não. Mas seu estado inspira cuidados e pede uma reflexão
Por Nara Franco
Ferramenta essencial no trabalho de assessoria de imprensa, o press-release é hoje alvo de intensas críticas. E as bombas lançadas, que atingem seu formato e eficácia, são apenas a ponta de uma discussão que envolve todo o processo de relacionamento de uma empresa e/ou uma marca com a mídia.
Recentemente participei de um curso de Comunicação Corporativa e percebi, até com certo espanto, que muitos professores (senão a maioria) passaram ao largo por temas como novas mídias (internet/intranet) e novos formatos de comunicação (blogs, podcasts, fotologs etc.).
Tanta desinformação me levou a concluir que, além da falta de um ensino universitário voltado para a área, assessoria de imprensa ainda é e somente é sinônimo de envio de press-releases, realização de entrevista coletiva ou promoção de eventos repletos de celebridades.
Voltando as atenções para a área de comunicação empresarial/corporativa, vejo o mesmo panorama, também pouco animador. Neste setor, a maior parte do trabalho ainda está ligada somente à produção de newsletters, house-organs e mural.
Quando a situação não parecia caminhar para o pior, li o boletim do americano Steve Rubel, autor do blog Micro Persuasion. Lá descobri um artigo da RP Sally Hodge cujo título logo me chamou a atenção: “The press release is dead, someone please tell the clients”, ou seja, “O press release está morto, alguém, por favor, avise aos clientes”. Os dois – Rubel e Hodge - vão ainda mais longe e afirmam de forma categórica que dentro de cinco anos os blogs serão o que são hoje os press-releases.
Tremi. Se a situação é esse nos States nós, brasileiros, ainda estamos na Idade Média. São poucas as empresas e assessorias que arriscam novos formatos, seja na web ou fora dela. Há até movimentos tímidos, mas poucos de relevância ou que mostrem uma tendência a longo/médio prazo. Ou seja, estamos engatinhando nas novidades.
Seria mesmo o fim do release? Estaríamos assim tão despreparados para o futuro? Ó céus!!!
Pois é. Parece final do seriado do “Batman”, mas, brincadeiras à parte, a discussão é séria. Diferente de Rubel e Hodge, que também não são unanimidade, a sentença de morte do press-release pede uma profunda reflexão sobre as novas possibilidades de transmissão e troca de informações criadas pelas novas tecnologias.
Hoje, a velha Intranet se transformou no Portal Corporativo. Informações de todos os gêneros estão à disposição nas Salas de Imprensa virtuais e newsletters vestem a pele do “bizblogs” ou “businessblogs”, uma nova forma de comunicação interna, que permite uma troca de informação entre funcionários de forma mais democrática, menos hierarquizada e burocrática. Isso sem falar nas rádioweb, TVwebs, podcasting, RSS, entre outros.
Portanto, está na hora de assessores e assessorias utilizarem a tecnologia para apresentar soluções, criar produtos, satisfazer clientes e, é claro, ganhar dinheiro, abrir o mercado, gerar emprego e assim sucessivamente. Não há nada mais desolador nos dias de hoje do que ver profissionais de comunicação reclamando do não comparecimento de coleguinhas em entrevistas coletivas, franzindo a testa com total surpresa ao ouvir a palavra intranet ou sugerindo apenas o release como material de trabalho na divulgação de um produto, evento, empresa, etc.
A velocidade da informação, a globalização e tantos outros conceitos que mudam a todo instante o nosso cotidiano, pedem novos formatos que complementem e incrementem a eficiência das antigas ferramentas. “As coisas estão mudando muito nesse campo de assessoria e relações públicas”, me disse Sally Hodge via e-mail, “E fico impressionada com a quantidade de mudanças que a Internet sozinha já conseguiu. É preciso manter o foco e achar os melhores meios de satisfazer os clientes e não necessariamente da mesma maneira que todo mundo faz”.
É preciso quebrar resistências, criar diferenciais e ficar atento às oportunidades. Buscar o que o público e suas segmentações demandam. A natureza do cliente define o tipo de mídia em que se deve investir. Como complementou Sally, “faça uma lista com seus alvos, mande um release para metade deles e para aqueles que necessitam de maior segmentação procure um novo tipo de abordagem”.
É óbvio, sabemos. Mas infalível.
2 Comments:
meu caro, de onde veio este texto?
Bacana e muito interessante essas idéias...
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